O discernimento do homem justo: acolher a Deus que quer estar conosco (Mt 1,18-25)

Por: - 13 de dezembro de 2022

 Imagem: Luís Henrique Alves Pinto (luishenriquealvescriar-te.blogspot.com)

O Anjo cumprimenta José pelo seu nome e sua linhagem (Filho de Davi), revela os desígnios que Deus estava realizando em Maria, acalma seu coração e cancela sua decisão pelo divórcio. O Anjo também dá a conhecer o nome da criança, Jesus, incumbindo José de assim chamá-lo.
Na liturgia, encontramos este evangelho no 4º Domingo do Advento - Ano A, e na Missa da Vigília do Natal - Anos A, B e C (forma breve)

Contexto

Em meados de 736 a 732 a.C., aconteceu a chamada “guerra siro-efraimita”, que envolveu o reino de Judá e o Império Neoassírio contra a coalizão dos reinos de Israel e de Aram-Damasco (Síria). Estes últimos tinham como objetivo tomar Jerusalém, depor o rei de Judá e eleger um novo rei que fosse aderente às políticas por eles propostas. E já havia um nome para o cargo, era o filho de Tabeel (cf. Is 7,6), um arameu, cujo nome significa “Deus é bom”, mas que o hebraico massorético vocalizou como Tabal, alterando seu significado para “não presta”[1]. A Assíria era liderada por Teglat-Falasar. Em Judá, reinava Acaz; em Israel, Faceia (ou Peqah, em hebraico)[2]; em Aram, Rason. O intento de Israel e Aram era criar uma resistência ao império em ascensão da Assíria. O rei Acaz se negou a participar da aliança Israel-Aram e se tornou também um alvo. Essa tensão político-militar foi ocasião para que houvesse a intervenção do profeta Isaías, que atuou no reino de Judá, no Sul[3].

Sem confiar na profecia de Isaías, Acaz fez uma perigosa aliança com Teglat-Falasar[4] e, além disso, sacrificou seu próprio filho, queimando-o aos ídolos (cf. 2Rs 16,3.7). O rei foi duramente condenado pelo profeta. Acaz argumentou que “não queria tentar a Deus” (cf. Is 7,12), mas o texto nos deixa perceber que se tratava de falsa religiosidade, cujo objetivo era esconder sua idolatria. Mesmo assim, Deus deu um sinal a Acaz, como prova de sua benevolência para com seu povo, pois sua eleição depende de sua própria fidelidade e não da fidelidade do povo ou do rei, que, é bom que se diga, colhem os frutos de suas infidelidades, mas não anulam a promessa de Deus. Nesse contexto, Isaías anunciou a Acaz o que conhecemos como o Oráculo do Emanuel ou Sinal do Emanuel, que é de suma importância para o entendimento da leitura do evangelho de hoje. O sinal é uma criança. Veja em Isaías 7,14.

A perícope de hoje trata dos “bastidores” do casamento de José e Maria. Lucas narra como se deu a encarnação de Jesus a partir da experiência de Maria. Já o texto de Mateus narra como tudo se deu sob o ponto de vista de José. É importante, contudo, observarmos a genealogia que precede nossa perícope. Do versículo 2 ao 16a do primeiro capítulo, Mateus apresenta os antepassados de Jesus, utilizando a expressão “gerou” para indicar a geração natural. No entanto, no versículo 16, há uma mudança no enfoque quando Mateus se refere ao nascimento de Jesus. Em vez de repetir a expressão “gerou” para dizer que “José gerou Jesus”, Mateus usa uma construção diferente e afirma que “Jacó gerou José, o esposo de Maria, de quem nasceu Jesus, que é chamado o Cristo”. Mateus explicará o motivo dessa diferença. Veremos como Mateus situa Jesus no projeto de Deus para a história humana. Jesus é filho de Deus, segundo sua natureza eterna; filho de Maria, segundo a carne; e é também filho de José, segundo o direito.


Comentário

"A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo." (v. 18)

Armellini (2011, p. 33) e a Bíblia de Navarra (2022, p. 135) explicam que os casamentos naquele tempo eram realizados em duas etapas. Na primeira, os esposos assinavam um contrato, acompanhados de seus pais e duas testemunhas. Essa etapa era chamada de esponsórios (“qidushin” que, literalmente, significa “consagrações” ou “santificações”). Essa primeira etapa já era um compromisso matrimonial com efeitos jurídicos e morais de um matrimônio propriamente dito (cf. Dt 20,7). Na segunda, que era a celebração do matrimônio (“nissuin”), havia uma grande festa e a noiva era conduzida à casa do marido. O intervalo entre as etapas era de mais ou menos um ano, que servia para favorecer o conhecimento mútuo e o amadurecimento dos noivos. A anunciação do anjo a Maria e a José se deu nesse tempo, entre a primeira e a segunda etapa. Maria encontrava-se grávida antes de ir morar com José e ele sabia muito bem que não era o pai da criança, além de desconhecer as condições da concepção miraculosa de sua noiva.

Mateus afirma que José era um homem justo, ou seja, alguém que cumpria fielmente a Lei[5]. De acordo com essa mesma Lei, o adultério de uma mulher desposada deveria ser punido com a lapidação[6] (cf. Dt 22,23-27). Porém, se o marido quisesse assumir a responsabilidade pelo divórcio, ele poderia emitir uma ata de divórcio (repúdio) e liberar a mulher do casamento (cf. Dt 24,1-4). José não queria que a matassem, por isso, pensa em seguir a segunda opção. Aqui podemos fazer aquela famosa pergunta consagrada pela sabedoria popular: “E agora, José?”


"José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo. Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: 'José, filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados'." (vv. 19-21)

Na postagem anterior refletimos sobre a dúvida de João Batista a respeito do messianismo de Jesus, hoje conversaremos um pouco sobre o discernimento de José frente ao seu matrimônio. José pode ter suspeitado da possibilidade de um adultério; pode ter ficado perplexo com a gravidez de Maria, tendo em vista que conhecia o caráter de sua noiva, não conseguindo compreender o que de fato tinha ocorrido, crendo que Maria não poderia lhe ter sido infiel; ou pode ter intuído algo do mistério divino realizado em Maria, diante do que se sentiu indigno de se envolver em tais desígnios. Teria ela tido relação sexual voluntária? Foi seduzida? Violentada? Carter (2021, p. 99), citando Jane Schaberg, lembra as maldições lançadas sobre as mulheres adúlteras e seus filhos, quando cita Eclesiástico 23,22-26 e Sabedoria 3,16-19; 4,3-6.

Sentindo-se desonrado ou mesmo indigno, José vê o divórcio como a única solução para preservar a vida de Maria e da criança. Schokel (2000, p. 17) explica que uma possível palavra que define José é “honrado”, no sentido de que ele era “inocente” no assunto que começava a se manifestar. A narrativa enfatiza três vezes a concepção miraculosa de Maria (vv. 18, 20 e 23), indicando que sua gravidez não era obra humana, mas obra do Espírito Santo. Para além da justiça, José decide agir com misericórdia, optando por um desenlace silencioso. Vários comentadores, dentre eles Jerônimo e Tomás de Aquino, interpretam a atitude de José não como um gesto de suspeita, mas como um sinal de sua intuição de que houve uma intervenção de Deus em Maria.

O Anjo cumprimenta José pelo seu nome e sua linhagem (Filho de Davi), revela os desígnios que Deus estava realizando em Maria, acalma seu coração e cancela sua decisão pelo divórcio. O Anjo também dá a conhecer o nome da criança, Jesus, incumbindo José de assim chamá-lo. Na tradição judaica, dar o nome a uma criança significava reconhecê-la como filho. Jesus é adotado por José. Dessa forma, por meio de José, o filho de Deus se tornou filho (descendente) de Davi.

Diante disso, as palavras do anjo podem ser encaradas como uma explicação para as dúvidas de José quanto à fidelidade de Maria e como uma confirmação de que Deus o havia escolhido, apesar e por causa de sua pequenez, para ser o guardião da família de Nazaré. O Anjo esclarece a José que não se trata de infidelidade, mas da maior e mais bela intervenção de Deus na história da humanidade.

O nome de Jesus era muito comum na época: Yehoshua’, em hebraico. Os equivalentes desse nome são: Iesous (grego) e Josué (português), este último é sinônimo de Jesus. O significado do nome é “Deus salva”. Outros grandes nomes da história de Israel haviam salvo o povo de inimigos externos, da fome e de tantas outras ameaças. Mateus destaca a diferença da vinda de Jesus: ele veio salvar o povo de seus pecados. O pecado, segundo o documento de Puebla, é a raiz e fonte de toda opressão, injustiça e discriminação (n. 517). Jesus vai na raiz da maldade no mundo. Jesus, explica Storniolo (2005, p. 22), veio atender aos anseios mais profundos de nossa existência: vida, amor e liberdade, que são obtidos por meio da justiça. Mateus apresenta exatamente Jesus como um mestre de justiça, que nos ensina o caminho para o Reino dos Céus. 


"Tudo isso aconteceu para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: 'Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que significa: Deus está conosco'." (vv. 22-23)

O “profeta” citado por Mateus é Isaías, e nós já vimos em que contexto ele anuncia o Oráculo ou Sinal do Emanuel. Mas há outro detalhe muito importante: no texto hebraico, a expressão que se refere àquela que conceberá é “jovem”. Quando os judeus traduziram o Antigo Testamento para o grego, não usaram um sinônimo para “jovem”, mas reinterpretaram a profecia e a traduziram por “virgem”. Mateus utiliza o texto grego.

Carter (2021, p. 105) ensina que no contexto de Isaías do texto hebraico, temos que a promessa anunciada a Acaz é sobre o futuro rei Ezequias, seu filho e sucessor. A jovem é citada com indicação de sua idade (almah), não do seu status sexual (betulah, que significaria “virgem”). Além do que, na profecia, não há indicação de gravidez miraculosa, nem qualquer indício de algo incomum. Seria uma gravidez, digamos, normal.

Por outro lado, Jerônimo afirma que a palavra almah, entre os hebreus, é ambígua: significa “adolescente” e “oculta”; portanto, almah não quer dizer somente menina ou virgem, mas uma virgem oculta e retirada, jamais exposta aos olhares dos homens e guardada por seus pais com o maior cuidado. O santo afirma não ter encontrado o emprego da expressão almah indicando uma mulher casada, mas sempre indicando uma menina virgem, nos seus anos de adolescência (tendo em vista que uma mulher velha também pode ser virgem), porém não uma criança. O santo também afirma que a profecia feita a Acaz, no primeiro ano de seu reinado, não poderia se referir à concepção e ao nascimento de Ezequias, uma vez que este já tinha nove anos quando seu pai Acaz começou a reinar. (In Isaiam, 7)

O fato é que a tradução do Antigo Testamento para o grego, escrita por volta do séc. III a.C., foi além do que era dito no texto hebraico, e eleva a profecia de Isaías a uma categoria que só uma intervenção divina direta poderia tornar realidade. Foi escolhida a palavra grega parthenos, que quer dizer “virgem”, em lugar de uma palavra que traduzisse literalmente a expressão “jovem”. Ao escrever seu Evangelho, Mateus utiliza o texto grego e reforça a reinterpretação da profecia feita na Septuaginta, citando Isaías com a mesma expressão parthenos, para indicar o estado de virgindade de Maria e sua concepção miraculosa.

A reinterpretação de Isaías 7,14 culminou na Septuaginta, mas foi gestada durante muito tempo. Ezequias, apesar de ter sido um bom rei, não livrou Israel dos seus inimigos. Os profetas, então, começaram a atribuir a profecia a outro rei que deveria vir. A ausência da figura do pai na profecia já era tida como um indício da concepção virginal. Essa releitura ganhou força e se tornou realidade em Maria. Dessa forma, Mateus indica que o filho e a jovem/virgem da profecia de Isaías são, respectivamente, Jesus e Maria.

Jesus é Emmanu, isto é, conosco; ao passo que também é El, ou seja, Deus. Se fosse só “conosco”, mas não fosse Deus, não nos poderia salvar. Se fosse “somente” Deus, mas não “conosco”, a sua salvação ficaria como algo abstrato, longe e de difícil alcance. Ele seria talvez um Deus eternamente desconhecido. (Cantalamessa, 2012, p. 26)

Mateus, ao chamar Jesus de Emanuel, enfrenta a teologia imperial romana, que via seus imperadores como os legítimos mediadores da presença dos deuses entre os homens. Mateus inicia e finaliza seu evangelho com o tema do Deus conosco. Já vimos como ele identificou Jesus como o Emanuel na anunciação a José e, em Mateus 28,20, coloca na boca de Jesus as palavras: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo!”, ou seja, “eu serei sempre o Emanuel!”.


"Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado, e aceitou sua esposa." (v. 24) 

Vencidos os fantasmas do pavor e da decepção, José assume para si a responsabilidade de ser o guardião de Jesus e Maria, o guardião da promessa de Deus, que insere José em seu mistério de salvação. José assume o sinal divino e dá também o seu sim à vontade de Deus, assim como fez Maria.

Lembremos que Jesus iniciou sua vida pública por volta dos 30 anos de idade (cf. Lc 3,23). Antes disso, levou uma vida normal, ordinária, de judeu devoto e trabalhador. Josemaria Escrivá costumava dizer que Jesus, nesse tempo de sua vida, santificou a vida ordinária, antes de realizar as coisas extraordinárias narradas nos evangelhos. A Bíblia nada fala sobre a morte de José, mas nos dá duas certezas: por Lucas, sabemos que, pelo menos até os 12 anos de Jesus, José ainda estava vivo (cf. Lc 2,41-52); por João, sabemos que, na morte de Jesus na Cruz, José já havia morrido, pois se Jesus entregou sua mãe ao Discípulo Amado foi porque ela já não tinha um marido vivo e nem outros filhos biológicos para socorrê-la (cf. Jo 19,25-27). Portanto, pelo menos em seus doze primeiros anos de idade, Jesus conviveu e apreendeu de José o seu referencial de homem. Sua personalidade humana foi moldada segundo os exemplos de seu pai e sua mãe. Podemos dizer, sem medo, que nas palavras de Jesus estão presentes as palavras do silencioso José.

Quantos casais não gostam de contar aos seus filhos os momentos marcantes de suas vidas e de seu relacionamento? Gostam de recontar os momentos importantes da geração dos filhos, como viviam à época e como tudo aconteceu… Podemos pensar, se Jesus ouviu de seus pais o que Mateus narra em seu Evangelho, que a disposição de Jesus em abraçar a Cruz está profundamente influenciada pelo exemplo de seu pai José: sacrificar-se por quem se ama, em vista de cumprir a vontade de Deus. Que grande mistério! Creio que poucos têm dimensão da importância de José na formação do caráter e da personalidade humana de Jesus.

Hahn & Mitch (2014, p. 30) notam que o retrato que Mateus faz de José encontra paralelo com José do Egito. A primeira semelhança é seu nome e o nome de seu pai, que também é Jacó. Depois vemos que Deus fala a ambos por meio de sonhos. Os dois são claramente puros e castos. E, por fim, ambos salvam suas famílias ao levá-las para o Egito. Você pode fazer esse paralelo lendo em sua Bíblia as passagens: Gn 30,24 e Mt 1,18 | Gn 30,19-24 e Mt 1,16 | Gn 37,5-11 e Mt 1,20-21; 2,13.19-20.22 | Gn 45,16-20 e Mt 2,13.

* * *

No 4º Domingo do Advento (Ano A), a leitura termina no versículo 24. Contudo, a perícope também faz parte do Evangelho proposto para a Santa Missa da Vigília do Natal (Anos A, B e C), acrescida dos versículos 1-17.25, ou apenas do versículo 25, na forma breve. A seguir, um pequeno comentário sobre o versículo 25. Os versículos 1-17 correspondem à genealogia de Jesus em Mateus, que comentaremos em outra oportunidade.


"E sem ter relações com ela, Maria deu à luz um filho. E José deu ao Menino o nome de Jesus." (v. 25)

José fez como o anjo do Senhor ordenou e completou o processo matrimonial, ao receber Maria como sua esposa, e a adoção legal de Jesus, dando nome a Ele. Para preservar a profecia de que uma virgem conceberia, Mateus explica que José não manteve relações sexuais com sua esposa. Algumas traduções dizem que José não “conheceu Maria até o dia em que ela deu à luz”, gerando interpretações equivocadas a respeito da virgindade de Maria. A informação dada por Mateus não contém a afirmação de que, após dar à luz, houve relações entre José e Maria. Como dissemos, a expressão tem o objetivo de deixar claro que a profecia se cumpriu conforme anunciada por Isaías e interpretada na tradução grega do Antigo Testamento. O Dogma da Virgindade Perpétua de Maria foi proclamado solenemente no Concílio de Latrão, em 649.

Em sua obra contra Helvidium, Jerônimo discorre sobre a expressão “até que ela deu à luz”, defendendo a posição da virgindade de Maria. Jerônimo usa o exemplo de Isaías 46,4: “Até a vossa velhice, Eu Sou”, e argumenta: “Pode-se inferir daqui que, depois de terem envelhecido, Deus deixará de ser o que era?” Depois cita as palavras de Jesus em Mateus 28,20: “Eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo”. E questiona: “Depois que o mundo acabar, não estará Ele mais com seus discípulos?” Ainda cita Paulo em sua primeira carta aos coríntios 15,25: “É necessário que ele reine, até que ponha todos os inimigos debaixo de seus pés”. E diz: “Por acaso, depois que aqueles estiverem debaixo de Seus pés, deixará de reinar?”. Ele conclui a sua reflexão dizendo: “Aquele que teve uma fé tão grande no sonho que não ousou tocar sua esposa, é crível que, depois de ter ouvido os pastores, visto os magos e presenciado tantos milagres, se atrevesse sequer a aproximar-se daquela que era templo de Deus, sede do Espírito Santo e mãe de seu Senhor.”


Reflexão

1) A figura paterna é fundamental no desenvolvimento de uma criança, proporcionando benefícios como autoestima, segurança emocional, habilidades sociais, identidade e responsabilidade. São José, pai adotivo de Jesus, não apenas o protegeu e sustentou, mas também o orientou e educou. Isso nos ensina que a paternidade não é apenas uma questão biológica ou legal, mas um compromisso amoroso e responsável com a formação dos filhos, uma missão divina. Teresa de Jesus tinha em São José um grande intercessor e pedia constantemente sua providência. Como é a sua relação com este grande santo? Você costuma pedir sua intercessão?

2) Jesus veio nos salvar do demônio e de nós mesmos, de nossa inclinação ao pecado e do perigo de sermos menos do que aquilo que Ele sonhou para nós. Quantas vezes em nossa vida a vontade de Deus nos parece estranha, desafiadora ou incompreensível? Os desígnios de Deus muitas vezes nos assustam. Você tem fugido da vontade de Deus para sua vida? Como a fé e a obediência cuidadosa de José podem nos ajudar a encarar e viver a vontade de Deus em nossos tempos?

3) Storniolo (2005, p. 24) lembra que nós também somos filhos da história em nossa geração biológica e filhos de Deus pelo batismo, e ensina que a história é a passagem de experiências e consciência... Como está a transmissão de nossa fé aos nossos filhos e pequeninos que convivem conosco? O que estamos deixando para eles?

4) Jesus é o Emanuel, ou seja, Deus conosco. E nós, podemos afirmar que somos com Deus? Nossas atitudes revelam a presença de Deus em nossas vidas?


Notas

[1] Bíblia de Jerusalém, p. 1264, nota g.

[2] Ver 2º Reis 15,25.27-31. Conhecido como o filho de Romelias, assassinou seu antecessor Faceias, de quem era escudeiro, e se tornou o 18º rei de Israel, o penúltimo, antes da destruição do reino do Norte pela Assíria, por volta de 722-721 a.C. Foi assassinado por Oséias, que lhe sucedeu.

[3] Isaías foi contemporâneo dos profetas Miqueias (Judá/Sul) e Oséias (Israel/Norte).

[4] A guerra siro-efraimita teve seu desfecho com a vitória judeu-assíria. O reino de Judá não foi tão vitorioso assim, pois, a partir de então, tornou-se um mero reino vassalo da Assíria.

[5] Veja uma síntese da essência do significado de justiça no pensamento bíblico em Deuteronômio 6,25.

[6] Lapidação: morte por apedrejamento.


Referências

III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano. PUEBLA: A evangelização no presente e no futuro da América Latina. Texto Oficial da CNBB. 2 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1979.

AQUINO, Santo Tomás de. Catena Aurea: exposição contínua sobre os evangelhos: Vol. 1: Evangelho de São Mateus. Campinas, SP: Ecclesiae, 2018.

ARMELINI, Fernando. Celebrando a Palavra: Ano A; [tradução de Comercindo B. Dalla Costa]. São Paulo, Editora Ave-Maria, 2011.

Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.

Bíblia do Peregrino. Com anotações de Luís Alonso Schokel. São Paulo: Paulus, 2000.

Bíblia de Navarra: Santos Evangelhos. 1 ed. São Paulo: Quadrante Editora, 2022.

CANTALAMESSA, Raniero. O Verbo se faz carne; [tradução de Cornélio Dall’Alba]. – São Paulo: Editora Ave-Maria, 2012.

CARTER, Warren. O Evangelho de São Mateus: comentário sociopolítico e religioso a partir das margens. Tradução de Walter Lisboa. 2 ed. São Paulo: Paulus, 2021. Coleção Grande Comentário Bíblico.

HAHN, Scott; MITCH, Curtis; WALTERS, Denis. O evangelho de São Mateus – Cadernos de estudo bíblico; [tradução de Thomaz Perroni] – Campinas, SP: Ecclesiae, 2014.

Missal Dominical: Missal da assembleia cristã. São Paulo: Paulus, 1995.

STORNIOLO, Ivo. Como ler o evangelho de Mateus: o caminho da justiça. São Paulo: Paulus, 1991.

POSTAGENS RELACIONADAS

0 comments